terça-feira, 24 de janeiro de 2012

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OMG!!!! LEIAM AGORA A HISTÓRIA DE ERIC, EM BEIJOS INFERNAIS

Graças ao pessoal da Galera Record, tivemos acesso ao capítulo da história de Eric e Emma.

Leiam na integra:



Emma não era a primeira namorada de Eric Dragomir. E provavelmente não seria a última.

Claro, a segunda afirmação ignorava a interferência do pai de Eric. Na opinião do velho Frederick Dragomir, Eric e Emma já deveriam estar casados. Foi de se estranhar, pensou amargamente Eric, que o pai não houvesse simplesmente planejado o casamento para o mesmo dia da formatura do ensino médio.

— Qual é o problema? Quantas garotas mais você quer ter? — Frederick o tinha repreendido no último encontro entre pai e filho. — Ela é de boa família. Bo- nita. Inteligente. Boa o bastante. O que mais você quer? Sei que você acha que é jovem demais, mas o tempo está se esgotando! Já não resta quase nenhum de nós.

Em pé numa praia chilena que parecia estar a anos-luz de Montana, observando as estrelas cintilarem no céu de cor púrpura intensa, Eric se perguntava se esse era o motivo que havia encorajado os pais a se casarem. Medo de que sua linhagem fosse extinta.

Nunca havia pensado muito na relação dos dois enquanto crescia. Eram apenas seus pais. Existiam. Sempre estariam juntos. Sempre estariam por perto. Nunca havia dado importância a esse fato e nem levado em consideração os sentimentos mais íntimos que o casamento dos pais envolvia. Ele se deu conta, agora que a mãe havia partido, de que realmente não havia dedicado tempo para conhecê-los melhor. Era tarde demais para ela, e ultimamente, com toda a pressão para que se casasse, sem dúvida já não estava todo animado para saber mais sobre o pai.

Emma apareceu de repente, como uma aparição, enroscando o braço no dele.

— Que bom que o sol já se pôs, não acha? Aquela luz estava literalmente me matando.

Eric não se deu ao trabalho de corrigir o uso indevido de “literalmente”. Ou de lhe dizer que não se importava com o sol, ainda que muita exposição irritasse sua espécie. Na verdade, sempre meio que lamentou que eles — como vampiros vivos — não pudessem lidar muito com a luz. Às vezes fantasiava estar deitado à beira de uma piscina, embalado pelo abraço dourado do sol.

Em vez disso, apenas sorriu para Emma, fitando seus profundos olhos azuis-violeta de cílios longos e o cabelo castanho escuro minuciosamente trançado. Os olhos e o cabelo contrastavam intensamente com a pele pálida, de porcelana, que todos os Moroi tinham. Esses traços combinados com o formato de coração da face e as maçãs do rosto salientes faziam com que muitos caras parassem para admirar Emma Drozdov — inclusive Eric.

Você está errado mais uma vez, pai, pensou Eric.

Ela não é bonita, é de tirar o fôlego.

Talvez sossegar com Emma não fosse má idéia, afinal. Sempre se divertiam juntos, e o pai tinha razão quanto a ela ser gente boa e inteligente. Ela também havia demonstrado — em mais de uma ocasião — criatividade e disposição para certas atividades físicas. A vida com ela nunca seria entediante, e Eric suspeitava que Emma estivesse tão ansiosa quanto o pai por um anel de noivado.

— Ei — disse ela, lhe dando uma cotovelada de leve.

— O que foi? Por que está tão sério?

Ele tentou achar uma resposta que não revelasse o verdadeiro motivo do mau-humor — ou sua indecisão sobre o relacionamento dos dois. O que mais o pai havia dito da última vez? Você não pode esperar para sempre. E se algo lhe acontecer? O que será de nós então?

— Só estou irritado com a demora do barco — disse Eric, finalmente, afugentando a lembrança da voz queixosa do pai. — Era para termos ido embora daqui antes do pôr do sol.

— Eu sei — concordou Emma, e seus olhos fizeram uma varredura na área. Ao redor, estavam os outros colegas da turma — bem, a elite dela. Estavam de bobeira e conversando, esperando ansiosos para embarcar no iate que os levaria ao que supostamente seria a festa do ano.

— Agora estão demorando uma eternidade.

— A tripulação tem que abastecer com suprimentos— lembrou Eric.

O barco estava atracado havia algum tempo no píer, enquanto comida e bagagens eram embarcados. Aparentando cansaço, os alimentadores — humanos que voluntariamente forneciam sangue para os vampiros Moroi — agora caminhavam pelo píer em direção ao barco. Sinceramente, utilizar o iate apenas para transporte parecia um desperdício. Era recém-construído e, pelo que diziam, repleto de todos os tipos de acomodações luxuosas. Mesmo sob pouca luz, o barco reluzia um branco luminoso. Alguns até podiam achá-lo pequeno para um iate, mas ele poderia facilmente hospedar a turma toda por uma semana inteira de festa.

— Mesmo assim, era para termos partido há uma hora. — Emma olhou para Jared Zeklos. Membro da realeza, cujo pai era o responsável pelo fim de semana prolongado de comemorações. Ela deu um sorriso forçado, os caninos levemente à mostra sob o lábio vermelho e brilhante.

— Jared estava tão convencido quando a festa foi anunciada. Agora todo mundo vai cair em cima dele.

Era verdade. Era uma realidade no círculo do qual faziam parte. Eric quase teve pena do garoto, que esta- va visivelmente constrangido pelos olhares irritados dos colegas de classe.

— Bem, tenho certeza de que não é sua...

Um grito interrompeu o burburinho e as risadas. Eric se virou bruscamente na direção de onde havia ecoado o grito, abraçando Emma de modo instintivo. A praia e o píer ficavam numa área um tanto deserta — como muitos territórios dos Morois —, acessível apenas por uma estrada de terra estreita que cortava uma mata praticamente intocada pelas mãos de homens ou de vampiros.

E, bem ali, na entrada da trilha, Eric viu o rosto dos seus pesadelos. Uma pessoa — não, uma criatura — investia contra uma menina de cabelos ruivos. A face da criatura era pálida, mas não com a palidez dos Moroi. Era de uma lividez doentia, cor de giz. Eric mal conseguia acreditar, mas não tinha dúvidas: era um Strigoi, espécie de vampiros-zumbis que matavam aqueles de quem tiravam sangue. Não viviam e procriavam como os Moroi. Eram criaturas bizarras que ao perderem a vida se transformavam em seres imortais e aterrorizantes. Um Moroi também podia fazer isso, por opção, se bebesse todo o sangue da vítima. Strigois também podiam ser criados à força, se um deles mordesse a vítima e depois lhe desse seu sangue Strigoi para beber. Sério, não importava a forma como eram feitos. Os Strigois eram letais, sem nenhuma noção de suas vidas anteriores. A palidez do rosto desse lembrava morte e decomposição, e Eric conhecia isso de perto, as pupilas do Strigoi possuíam contornos avermelhados.

Com um rosnado, o Strigoi mirou os caninos no pescoço da garota, movendo-se com uma rapidez que parecia ser fisicamente impossível. Durante toda a vida,

Eric estudou sobre os Strigois, mas nada teria sido capaz de prepará-lo para o momento real. Aparentemente, Emma também não estava preparada, a julgar pela força com que se agarrava a Eric e cravava as unhas em seus braços. Mais gritaria tomou conta do ambiente, e Eric avistou outro Strigoi saltando das sombras e se aproximando dos formandos Moroi. O grupo entrou em pânico e inevitavelmente o caos se instalou, algo co- mum entre pessoas encurraladas e assustadas. Parecia inevitável que as pessoas seriam pisoteadas.

E então, quase tão repentinamente quanto o surgimento dos Strigois, outras criaturas emergiram da multidão. As roupas eram parecidas com as que os colegas de turma de Eric vestiam, mas não havia forma de confundi-los com os Morois. Eram dhampirs — guardiões, para ser mais preciso —, os guerreiros, metade-humanos, metade-vampiros, que zelavam pelos Morois. Mais baixos e mais musculosos do que os vampiros que protegiam, os guardiões eram treinados para terem os reflexos tão bons quanto os dos Strigois. Havia cerca de uma dúzia de guardiões na praia e apenas dois Strigois. Os guardiões não perderam tempo em tirar proveito da situação.

A cena não durou mais do que alguns segundos, e ainda assim Eric parecia assistir a tudo em câmera lenta. Os guardiões — que haviam estado dispersos pelo grupo — se espalharam e foram atrás de cada Strigoi. O que atacava a menina ruiva foi arremessado para longe e, antes que pudesse fazer mais estragos, recebeu uma estacada. O outro Strigoi foi abatido antes mesmo de pensar em atacar alguma vítima.

Foram necessários alguns minutos para que o grupo se acalmasse e percebesse que já estava fora de perigo. Uma grande comemoração foi feita quando se deram conta do que houve, mas pouco depois foi como se nada tivesse acontecido. Alguns guardiões arrastaram os corpos dos Strigois para serem queimados enquanto o restante começou a gritar que os Moroi deveriam embarcar imediatamente. Reunindo-se aos demais, como se fizesse parte de um rebanho, Eric caminhou atônito em direção ao píer, ainda tentando processar o que havia acontecido.

Apesar da comemoração, alguns colegas de turma tinham no rosto expressões que refletiam o que Eric sentia. Esses eram Morois que já haviam esbarrado com Strigois ou que pelo menos tinham uma noção do perigo. O restante do grupo havia passado boa parte da vida na segurança de sua escola bem protegida, e nunca tinha visto um Strigoi. Claro, cresceram ouvindo as histórias, mas, infelizmente, o fato de terem se livrado rapidamente das duas criaturas diminuiu o medo de algumas pessoas. O que era um erro, ingênuo e perigoso.

— Você viu aquilo? — exclamou Emma. Apesar do pavor inicial, ela também parecia ter baixado a guarda. — Aqueles Strigois apareceram e então bum! Os guardiões acabaram com eles! Onde eles estavam com a cabeça? Digo, os Strigois. Estavam totalmente em des- vantagem.

Eric não a alertou para o óbvio. Que os Strigois não se importavam com esse tipo de probabilidade... principalmente, porque na metade dos casos, as probabilidades não contavam. Dois Strigois foram o suficiente para massacrar sua mãe e o grupo com o qual estava, incluindo seis guardiões. Em várias situações, seis guardiões seriam mais do que o bastante. Para a mãe de Eric não foram, e ele ficou um pouco surpreso por Emma ter se deixado impressionar pelo sensacionalismo do evento e esquecido a história da família de Eric.

Desde a morte da mãe, ele tinha pesadelos constantes com Strigois; pesadelos que ninguém jamais gostaria de ouvir. O fato das criaturas do pesadelo não serem parecidas com as da realidade recente não fazia qualquer diferença. Por um instante, Eric mal conseguiu andar, tomado pela lembrança daquele rosto horrível e feroz. Teria sido assim com sua mãe? Havia sido atacada também de forma repentina e brutal? Sem avisos... apenas caninos rasgando seu pescoço... a colega de turma havia sido resgatada pouco antes dos dentes letais da criatura a tocarem. A mãe de Eric não teve tanta sorte.

— Está todo mundo falando com Ashley — murmurou Emma, ao embarcarem no iate, sinalizando com a cabeça a aglomeração de gente ao redor da quase-vítima. — Quero saber como foi.

Terrível, pensou Eric. Horripilante. No entanto, Ashley parecia animadíssima com a atenção. E o restante do grupo estava ansioso e agitado — como se o ataque dos Strigois tivesse sido encenado, como diversão preliminar para a festa. Ele olhava em volta perplexo.

Como ninguém estava levando isso a sério? Os Strigois perseguiam os Morois havia séculos. Como ninguém se lembrava da morte da mãe de Eric — que tinha acontecido havia apenas seis meses? Como Emma não se lembrava disso? Ela não era uma pessoa cruel, mas Eric agora estava um pouco decepcionado com a indiferença da namorada em relação aos seus sentimentos, depois da “excitação” com o evento.

Talvez não devesse ficar tão surpreso. O próprio pai parecia se recordar muito pouco do passado. Todos achavam que já era hora de Eric acabar com o luto e seguir em frente. Com certeza, era o que o pai achava. Às vezes, Eric se perguntava se essa fixação do pai em casá-lo cedo era para substituir o verdadeiro luto. Frederick Dragomir estava obcecado em salvar sua linhagem real, reduzida agora a duas pessoas: pai e filho.

Emma sorriu para Eric, com os olhos brilhando, iluminados pela luz da lua crescente. Subitamente lhe pareciam um pouco menos bonitos do que antes.

— Aquilo não foi uma loucura? — perguntou ela. — Mal posso esperar para ver o que vai acontecer!

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