segunda-feira, 19 de março de 2012

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FANFIC PERFECT PROMISE II - CAP 2

A minha cabeça doía, doía muito. Acordei com a fraca luz do sol entrando pela janela. Tateei o que restava da cama ao meu lado, mas nenhum corpo se encontrava ali, e momentos depois de sentir aquele lado vazio, lembrei de todos os acontecimentos dolorosos da noite passada.

O choque era visível em sua face, à boca tinha ficado seca e aberta num pequeno “o”, às lágrimas não paravam de descer de meus olhos e escorrer por meu rosto. Minhas mãos pararam de acariciar seus cabelos, e agora estavam entrelaçadas, meus dedos inquietos.

–Tem certeza de que é isso que você quer Rose? – Perguntou ele descrente de minhas palavras anteriores. – Tem certeza de quer dar um tempo na gente?

–Tenho Dimitri. Eu preciso pensar formular tudo aquilo que você me disse mais cedo, eu preciso organizar minha cabeça, eu estou confusa – Falei, a voz quase não saindo, travando em minha garganta. As lágrimas atrapalhavam minha fala.

–FALEI PARA VOCÊ ESQUECER O QUE EU TINHA DITO MAIS CEDO ROSE! – Gritou ele – Eu falei para você esquecer, aquelas palavras não tiveram valor.

–CLARO QUE TIVERAM DIMITRI! – Minha voz estava alta o suficiente para competir com a dele. – Ou você acha que suas palavras não passaram de uma brincadeira? Um filho ser uma brincadeira? Dá um tempo Dimitri! Eu sei separar o que é sério, do que é para eu rir. – O gosto salgado começava a invadir minha boca, as lágrimas se tornaram impossíveis agora – Eu preciso pensar em tudo. Em tudo Dimitri. – Derrotada sentei na cama e abracei meus joelhos, porém não baixei a cabeça como eu queria fazer, Dimitri estava me encarando. De seus olhos também saíam lágrimas. Continuei olhando para seu rosto, quando ele finalmente falou.

–Posso entender você. E talvez até esteja certa. Pode ter o tempo que você quiser não vou te forçar a nada – Falou ele limpando as lágrimas e vindo em minha direção, sua cabeça baixou em direção a minha, e seus lábios beijaram minha testa. Um último beijo talvez. Logo após, ele saiu do quarto.

Ele saiu do quarto, e agora eu estava sozinha naquele quarto. Uma batida na porta tirou-me de meus devaneios, e forcei meus membros a se levantarem e irem atender a porta. Ao abrir me encontro com Christian e Lissa. Lissa logo veio me abraçar com força, esfregando minhas costas em um ato de consolo. Retribuí seu abraço, meu estoque de lágrimas tinha acabado pela noite em que passei gastando-as.

–Oh Rose, está tudo bem vocês vão se acertar. – Ela agarrou-me pelos ombros e olhou em meus olhos esperando uma concordância. Balancei a cabeça concordando para tranquiliza-la, eu não sabia do que seria daqui para frente.

–Vim pegar as coisas de Belikov, se importa? – Perguntou Christian, sua mão acariciou meu ombro. Neguei com a cabeça e indiquei onde ele encontraria as coisas de Dimitri. Meu relacionamento com Christian tinha melhorado bastante. Os comentários sarcásticos dele não tinham melhorado, mas pelo menos éramos compatíveis um com o outro, até porque tínhamos uma pessoa em comum, então nos tornamos bastante próximos, agora eu poderia dizer que éramos bons amigos.

Lissa me puxou para a cama e me fez sentar, enquanto ela pegava um copo d’água para mim. Fez-me beber o copo inteiro e depois me obrigou a desabafar tudo que eu tinha dentro de mim, a contar o que tinha acontecido, e o que foram aqueles gritos de ontem a noite, o que nos fez ter essa briga, e o pedido inusitado e impossível de Dimitri. Contei tudo a ela, e ela escutou com atenção, nunca me interrompendo e ajudando-me quando a voz começava a falhar.

–Rose, a situação é realmente complicada, como disseram seus pais. Primeiramente Dimitri nem deveria ter tocado nesse assunto de filhos com você, já que ele sabe da genética dampira, de qualquer forma ele iria te magoar. Acho que vou falar com ele. – Falou ela, uma cara pensativa.

–Não faça isso. Eu já conversei o que tinha para conversar com ele, agora é comigo, eu preciso de um tempo para formular tudo em minha mente e creio que ele também precise desse tempo. Acho que é melhor não forçarmos nada por hora. Deixe estar, me resolverei com ele quando achar que seja o tempo, ok Lissa? – Segurei suas mãos nas minhas, mas ela nada disse – Prometa para mim, que não falará com ele. Prometa.

–Mas Rose...

–Não! Nada de “Mas Rose”, vamos deixar a raiva de namorado da amiga de lado, e tratar isso com seriedade – Falei séria. Ela me encarou com um sorriso no rosto – O que foi?

–Nem parece você falando, logo aquela que há um tempo levava tudo na brincadeira.

–A vida me fez levar as coisas um pouco mais a sério. Tive que amadurecer para as circunstâncias.

–É você está certa. Então ok, eu prometo não falar com Dimitri, por você. Se fosse por mim, já estaria mandando o Christian queimá-lo vivo. – Assustei-me com suas palavras, e pude escutar a gargalhada de Christian no outro cômodo. – Então vamos lá, coloque um sorriso nesse rostinho e vamos andar comigo guardiã.

–Mas ainda estou de folga – Falei deitando na cama. Ela cutucou meu flanco, colocando-me sentada novamente.

–Claro que não, hoje é seu segundo dia de folga... Ah é verdade... Christian por que está voltando tão cedo? Era só para você estar voltando amanhã – Disse Lissa virando-se para o lado onde Christian terminava de arrumar as coisas de Dimitri, e vinha arrastando uma mala.

–Tenho trabalhos para fazer Lissa, e você sabe... Do seu lado não consigo me concentrar, é melhor eu ir hoje. – Falou ele beijando o topo da cabeça de Lissa.

–E o que vocês dois fazem de pé há essa hora? São sete da manhã, deveriam estar roncando à uma hora dessas. – Falei encarando ambos, que estavam sentados em minha frente.

–Viramos o dia, até por que Dimitri pediu a Christian para vir buscar as coisas dele e essas coisas todas... Vamos assistir a um filme, por que você não vem? – Perguntou Lissa, sua carinha de complacência comigo era demais para mim.

–Não quero ficar de vela. Vão vocês dois, e quando o Christian for embora mais tarde eu o levo até o portão – Eu disse sorrindo, e os dois saíram do meu quarto, deixando-me sozinha outra vez. Eu ainda tinha boas horas até que Christian fosse embora. Então, decidi arrumar o quarto, que mais parecia um apartamento daqueles enormes de luxo. Fui começar pelo closet que estava parcialmente vazio agora. Parei na frente do espaço que estava vazio e soltei um longo suspiro. Comecei a tirar algumas roupas que não me serviam mais, e coloquei-as em uma sacola. Depois de fazer uma reciclagem nas roupas, dobrei as que tinham sobrado e organizei os outros produtos que ali estavam.

O sol já estava se pondo quando acabei de arrumar todo o espaço. Além de organizado estava limpo. Isso me manteve ocupada por um bom tempo. Olhei no relógio e já eram quatro e meia, ou seja, estava perto de Christian ir embora. Christian e Dimitri. Tomei um banho rápido e me troquei à roupa de guardiã, eu poderia dar para alguém um dia mais de folga. Desci as escadas até o hall, e os três já se encontravam lá. Dimitri, Lissa e Christian estavam colocando as coisas no carro, ao lado de Lissa estava Mila, sua guardiã extra.

–Olá pessoal – Disse me aproximando deles, Dimitri me olhou de lado e voltou a carregar o carro. – Você pode ir descansar Mila, eu assumo a partir daqui – Falei pondo uma mão em seu ombro, ela concordou, se despediu de Lissa e foi embora. – Não é meio perigoso, vocês irem a essa hora? – Perguntei a Christian, mas foi Dimitri que respondeu.

–Ele está comigo.

–Exatamente, não se preocupe Rose, é uma viagem de apenas duas horas.

–Tudo bem então. Liguem quando chegarem lá – Falei. Apesar do tempo que tínhamos dado meu amor por Dimitri não tinha diminuído nem um pouco, me preocupava com ele, apesar dele ser invencível. Ele já caiu uma vez.

–Claro – Disse Christian, e deu um beijo longo em Lissa. Olhei de lado para Dimitri e vi que ele também me olhava. Desviei o olhar para o portão da corte. O campo de energia tão forte e impenetrável que dava para vê-lo como uma ondulação transparente. Mas além do portão um movimento ao longe começava. O sol já estava ao ponto de se esconder atrás das montanhas dando assim uma coloração alaranjada a paisagem. Mas ao que parecia uma grande multidão se movia em direção à corte.

–O que é aquilo? – Perguntei apontando para o movimento além dos portões. Todos que estavam ao redor olharam, e as pessoas que perceberam o movimento além dos portões também estavam se movendo para poder olhar de perto. Os guardas das duas torres que ficavam em cada lado dos portões, pegaram seus binóculos e os colocaram em posição, buscando ver o longe. Os momentos seguintes foram de pura agonia.

–SÃO STRIGOIS! UM MONTE DELES ESTÁ VINDO PARA CÁ! – Gritou o guarda visivelmente apavorado. Olhei para Dimitri, que já estava correndo em direção as torres de observação. Corri atrás dele e mais uns vinte guardiões se postaram ao lado de seus Morois, atentos a qualquer movimento. Dimitri pegou o binóculo e olhou, seus olhos ficaram arregalados de surpresa.

–Ligue para Janine, vou ligar para Will – Will era o chefe dos guardiões, ele que organizava cada turno e como ficaria a segurança guardiã na corte. Então as ligações começaram um corre-corre terrível na corte. Uns batalhões de guardiões saíram não sei da onde acompanhando minha mãe e Will vinha correndo para a torre observar a situação. Outras dezenas de guardiões levavam os Morois para serem protegidos dentro do prédio principal da torre, onde cinco Morois dos elementos água e terra faziam um campo de força ao redor do prédio.

–Não sei como, são milhares de Strigois. Uma quantidade absurda. Como fizeram uma concentração tão grande? – Falava Will mais para ele mesmo do que para os outros guardiões. Estavam num círculo, eu, Dimitri, Janine e outros trinta guardiões e um Moroi, que era Abe. Tentando contornar a situação, e cada vez mais eles estavam perto.

–Já anoiteceu, isso significa que eles têm uma vantagem bastante generosa. Mas nós temos o campo de força ainda, pelo jeito que estão, devem estar sedentos. Não vejo como evitar uma batalha. – Olhei para todos os rostos ao meu redor, expressões sérias e preparadas. Mas também tínhamos uma vantagem. Os Moroi que dominavam o fogo.

–Os Moroi – Sussurrei, mas os que estavam perto o suficiente me escutaram.

–Já estão em segurança Rose – Disse Janine.

–Não, os Moroi dominadores do fogo. Eles podem ajudar, já ajudaram uma vez na St. Vladimir, e eram apenas adolescentes, aqui teremos pessoas mais experientes – Uma grande ideia. Pelo menos uma arma a mais. Olhamos para além dos portões e os olhos vermelhos sangue estavam mais próximos do que o imaginável, já dava para escutar os rosnados famintos que eles soltavam. – Não temos escolha, eles são muitos. É capaz de força bruta derrubar a barreira? – Perguntei o desespero em minha voz.

–Nunca foi testado antes. Que eu saiba apenas estacas podem derrubar os campos de energia, Strigois não podem pegar estacas de prata.

–Mas humanos podem, quem garante que não há humanos com eles? – Disse Dimitri sua voz estava meio distante.

–Vá buscar os Moroi dominadores do fogo – Disse Janine à dois guardiões que estavam próximos a ela. Will a olhou descrente, prestes a discutir – Não temos chance sem eles. Precisamos tentar. Na outra vez deu certo.

–Mas perderam Morois e guardiões – Rebateu Will.

–E você por um acaso acha que sairemos em vantagem? Se perdermos o que consideramos muito na invasão da St. Vladimir, quantos, você acha que perderemos aqui? Um ou dois? Não! Terá uma guerra aqui, e se não tivermos pelo menos a ajuda dos usuários, todos nós – Apontou Janine para todos – Sairemos perdendo. Tanto em guardiões quanto em Morois. Fui clara?

Will concordou e mais ninguém se opôs a decisão de minha mãe. Fui encontrar com Lissa e Christian, mas minha mãe disse que eles já estavam em segurança dentro do prédio principal da corte.

–Eles estão chegando – Sussurrou Will ao meu lado. Então o choque dos corpos dos Strigois contra a parede de energia causou uma grande explosão de luzes. Nossas esperanças na barreira de energia tinha se esvaído com a intensidade do som e do brilho, mas depois do choque tudo voltou ao normal. A barreira de energia não podia ser destruída com força bruta. Por hora estávamos em segurança. Mas para a surpresa e desespero de todos, humanos saíram abrindo espaço por entre a multidão de Strigois, estaca à mão. O paredão do lado de dentro da corte estava preparado. Em cima dos prédios da corte, Morois usuários do fogo e do ar estavam posicionados, e nas torres de observação também tinham vários deles. Guardiões, milhares deles cercavam os muros. Nunca percebi o quão grande era a frota de guardiões. Minha fé em Deus não era tão forte assim antes, mas pude crer nele depois que ressurgi da morte várias vezes, e eu só podia apelar para sua ajuda nesse momento. Dei uma olhada em minha mãe que estava armada de estacas de prata até os dentes, uma olhada em Dimitri que estava da mesma forma. Poderia ser a última olhada que eu dava nas pessoas que eu mais amava. Gostaria poder de dizer adeus para Lissa, Christian e Abe. Mas eu não estava entrando nessa luta para morrer, estava entrando nessa luta para matar.




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