sexta-feira, 30 de março de 2012

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FANFIC PERFECT PROMISE II - CAP 5

Dimitri Pov

Ela era tão difícil. Em todos os aspectos. Eu relembrava da noite em que ela me pediu um tempo, e até hoje me dava um castigo por ter dito aquelas palavras para ela. Com o que eu estava na cabeça, quando disse a ela que queria ter um filho? Só podia estar ficando louco. Eu não podia perder ela. Rose era tudo que eu tinha para me manter, ela era minha base. Se não fosse por ela e pela sua ousadia eu não estaria aqui.

Levantei-me o sol estava nascendo, o que significava a noite Moroi. Troquei-me e saí para os corredores sombrios da academia. Andei devagar, olhando cada detalhe daquele lugar onde aconteceram tantas coisas. Fui em direção à floresta, querendo empurrar ainda mais aquela estaca que estava enfiada em mim, desde que Rose resolveu dar um tempo. Refiz todo o caminho que tínhamos feito no outro dia com os alunos, e ao chegar à velha cabana o ar ameaçou faltar em meus pulmões. Respirei fundo e entrei na pequena casa. O cheiro de chuva impregnava o ar misturado com a vegetação dessa área. Andei pelo pequeno local e escutei um barulho vindo do cômodo ao lado, no minúsculo quarto. Andei até lá, estaca na mão preparada para qualquer ataque. Quando entrei no quarto me deparo com Taissa.

–Taissa? – Perguntei um tanto chocado com sua presença ali, guardei imediatamente a estaca e fiquei parado na porta. Ela estava sentada na cama, guardando alguns materiais que não consegui distinguir em uma caixa. – O que faz aqui? – Arqueei uma sobrancelha e ela finalmente me encarou.

–Hum... Aqui é meio calmo, longe de todo o alvoroço da academia, é estressante. – Falou ela, escondendo a caixa atrás de si e virando-se pra mim – E você Belikov? O que faz aqui? Ainda mais tão cedo, você não faz mais turno.

–Esse lugar me faz recordar alguns momentos. – Meu olhar percorreu o pequeno quarto e lembranças invadiram minha mente, era como se eu sentisse o cheiro dela aqui, como se eu pudesse sentir o calor de sua pele contra a minha, como se seus lábios vorazes estivessem nos meus.

–Pelo jeito são lembranças bastante boas – Taissa disse pausadamente estralando os dedos em minha frente. Pelo jeito minha mente foi realmente para outro lugar.

–É, são realmente boas. Tenho que ir, acertar umas coisas com Alberta – Disse virando-me rumo à saída, mas Taissa me interrompeu, puxando a barra da minha jaqueta, virei-me abruptamente pronto para interrompê-la, porém sua mão segurou a minha. – O quê...

–Preciso da sua ajuda Dimitri... – Disse ela tocando minha face e logo depois tirando o amuleto de seu pescoço. A única e vaga lembrança do momento seguinte foi eu ter visto o círculo vermelho sangue que circundava seus olhos.


Pov Rose
O dia não estava sendo fácil. O treinamento do pessoal estava sendo pesado, e além do treinamento mais seis alunos tinham entrado para o treinamento intensivo da corte. Todos os seis com dezesseis anos. Claro que armei um barraco para aquilo. Era irresponsável colocar crianças para lutarem de forma tão brutal. Se eu quisesse que elas se matassem daria um arma à elas e ordenaria, seria muito mais fácil. Lembro-me das palavras da rainha, quando liguei pra ela para saber o que estava acontecendo:

–Rose, agora será assim. A idade mínima para treinamento será de dezesseis anos, foi voto da corte – Disse ela a voz calma pelo telefone, como se isso fosse um assunto normal.

–Mas Lissa, são crianças, crianças! Em vez de você colocar eles para serem treinados, porque não coloca essa corja de dampiros que trabalha para você aí hum? Seria muito mais útil – Gritei ao telefone assustando meus alunos que estavam ao meu redor. Dimitri ainda não tinha chegado para o treinamento. Minto, não tinha chegado, ele não tinha vindo. Três horas inteiras de treinamento pela manhã e ele não apareceu, se quer para dar uma sacudida de mão em nossa direção.

–Rose, deixe de ser assim! É apenas um ano de diferença! – Revidou ela a voz aparentemente alta, como a minha.

–Um ano é muita diferença sim Lissa! Com dezessete eu podia ser treinada, mas não podia ir a combate. Com quinze eu queria, mas não podia dirigir. Então sim, um ano faz muita diferença para mim. Então não espere que eu apareça aí daqui a alguns meses com crianças de dezesseis anos formadas. Só irei formar aqueles que têm idade suficiente para isso, estamos entendidas? – Perguntei sem esperar uma resposta, desliguei o telefone logo em seguida. – Então vocês podem voltar para as atividades anteriores de você, ok? – Disse apontando para os adolescentes novatos que tinham aparecido para o treinamento. Eles deram uma olhada sorrateira entre si e saíram devagar rumo a saída do centro de treinamento. – Enquanto vocês continuem com a sequência que mandei fazer, durante meia hora, preciso resolver um assunto rápido. Aproveitem e alonguem um pouco, iremos correr quando eu voltar – Disse dando as costas e escutando os gemidos de frustração atrás de mim. Iria procurar Dimitri. Irresponsabilidade era o que ele tinha feito. Abandonar uma aprendiza de professora em pleno treinamento. Mas não foi preciso eu procurar muito, assim que saí do centro, o vi sair da pequena trilha da floresta, acompanhado. Estreitei os olhos para a cena na minha frente. Não era possível. Ele estava acompanhado de Taissa, que parecia bem à vontade conversando com ele. E não fazia nem três dias que tínhamos chegado. Mas eu iria acabar com aquele papinho agora mesmo. Andei com passos furiosos em direção aos dois que conversavam distraidamente enquanto caminhavam pelo campus da academia. – Muito bonito Belikov, abandonando uma turma de futuros guardiões para ficar de caminhada pela floresta – Disse chegando a eles, que me encararam assustados – Não vou admitir isso novamente. Ou você cumpre seus horários e obrigações ou serei obrigada a mandar você de volta para a corte.

–Ei! Quando foi que você virou a chefe por aqui? – Perguntou ele, um sorriso bobo brotando em seus lábios.

–Meu chefe ficou na corte. Aqui você é igual a mim, então tenho direitos e boca para falar que você não anda tão bem como andava com seu trabalho. – Falei séria, ora olhando para ora para Taissa, que estava com um sorrisinho sarcástico no rosto. – Não era para você estar fazendo guarda? Há muitos Morois aqui, precisam de proteção – Disse encarando-a.

–Eu sei o meu lugar e já estava indo para ele – Disse ela retribuindo meu olhar – Vejo você depois Dimitri – Falou ela sorrindo para ele e saindo de minhas vistas. “Vejo você depois?” Bom saber.

–Bom saber que já tem encontros – Disse encarando seus olhos castanhos e virando-me. Sua mão segurou meu braço, fazendo-me virar abruptamente e bater em seu peito. – Me larga, você não se importa, mas eu me importo com os alunos que estou treinando.

–Está com ciúmes? – Perguntou ele com aquele estúpido sorriso no rosto. Neguei-me a responder aquela pergunta. Ele ainda era meu, só estávamos tendo uma pequena crise no relacionamento, não tínhamos acabado nada, isso significava que ele não tinha o direito de sair procurando outras mulheres. Mas ocultei isso, e apenas encarei seus olhos. – Taissa é apenas uma amiga, Rose. Você sabe que outras coisas só com você – Sussurrou ele em meu ouvido, seus lábios correndo pelo meu rosto, iam chegar aos meus lábios, mas afastei-o de mim.

–Tenho que voltar. Se quiser voltar, não importa, vá se encontrar logo com a Taissa – Sorri debochadamente e virei-me em direção ao centro de treinamento. Pude ouvir seus passos atrás de mim. – Então pessoal preparados? – Perguntei quando entrei no centro. Todos estavam se exercitando e paravam para me olhar.

–Acho que hoje será bem melhor do que ontem – Disse Ron esticando seus braços e sorrindo.

–Veremos Ron – Sorri e saímos em direção ao portão da academia. Os guardiões que eu tinha solicitado para hoje já estavam a postos. – Então gente, hoje correrão na estrada. Esses são Paul, Brad e Daniel guardiões aqui da academia que irão nos acompanhar, segurança nunca é demais – Sorri para eles que concordaram com um aceno de cabeça e saímos da academia. Corremos num passo lento no primeiro quilômetro, e aceleramos no segundo. Já estávamos voltando quando Lennie pediu para pararmos. – Está tudo bem Lennie? – Perguntei agachando-me ao seu lado. Seu corpo estava sentado no acostamento da estrada à cabeça entre os joelhos.

–Só uma tontura. Estou bem – Disse ela em meio à suspiros. Entreguei-lhe a garrafa d’água e ela sorveu o líquido rapidamente, deixando escapar pelos lábios. – Pronto, já podemos ir.

Retomamos a corrida num ritmo mais leve, e quando já estávamos perto da academia fomos caminhando, o sol já estava se escondendo. Entramos no centro de treinamento e alguns foram beber água outros no banheiro. Quando todos voltaram e sentaram-se exaustos em minha frente comecei a falar.

–O desempenho de vocês hoje foi ótimo, estamos bastante à frente somente nesses dois dias. Amanhã vocês terão uma folga daqui – Assim que falei isso, gritinhos de entusiasmo ecoaram pela enorme quadra – Mas, terão que pegar pesado nas outras coisas, o horário que vocês ficam aqui será compensado por outras matérias – Bufos de frustração foram bastante audíveis.

–Quando iremos treinar com as estacas de prata? – Perguntou Rue entusiasmada.

–Não agora, demorará um pouco. E falando em estacas, quero que vocês achem onde fica o coração, aquela lição que Rose perguntou no primeiro dia e vocês não souberam – Disse Dimitri olhando diretamente para Mike. – Próxima aula será com as estacas, mas não de prata. Agora podem ir – Falou ele, e todos foram se dissipando aos poucos. A quadra ficou silenciosa por momentos depois que eles saíram. Já estava me movimentando de encontro à mesa quando uma voz que tinha se tornado insuportável para mim horas atrás ecoou pelo espaço.

–Belikov! – Taissa falou em bom tom, enquanto sua turma entrava na quadra e já ia para os equipamentos mais avançados. Alberta entrou logo atrás dos alunos e veio em nossa direção assim como Taissa foi direto para a direção de Dimitri e começou uma conversa animada com ele. Alberta acenou para ele e veio em minha direção.

–Rose! Quanto tempo garota! – Disse ela abraçando-me com força, retribuí seu abraço – Vejo que eles ficaram amigos logo.

–Incrível – Falei sarcasticamente sentando-me na cadeira atrás da mesa. Gesticulei para que Alberta sentasse e assim ela fez.

–Aconteceu alguma coisa entre você e ele? – Perguntou ela gesticulando para Dimitri. Alberta também sabia do que rolava entre eu e Dimitri, e fazia um tempo já.

–Muitas coisas vêm acontecendo, muitas mesmo, e coisas que eu realmente não sei explicar Alberta. Mas eu também não estou tentando desvendá-las. Estou exausta, acho que irei descansar agora.

–Ok. Sonya pediu para você dar uma passadinha no quarto dela – Avisou Alberta e segui para o quarto de Sonya. A corte estava com o costumeiro movimento noturno. Os alunos se encaminhavam para suas aulas e alguns guardiões mantinham guarda em lugares estratégicos. Atravessei o campus e cheguei à hospedagem dos professores, fui direto para o quarto de Sonya que se encontrava com a porta entreaberta, dei uma batidinha, mas como ninguém respondeu fui entrando devagar. E peguei Mikhail e Sonya aos beijos, fiquei quieta perto da porta e, alguns segundos depois pigarreei para chamar a atenção dos dois.

–Desculpem-me, mas a porta estava meio aberta e vocês estavam tão concentrados aí, que fui entrando. – Sorri e as faces de Sonya ficaram avermelhadas. Ela logo escondeu seu rosto no peito de Mikhail que afagou suas costas com carinho. – Me chamou Sonya? – Perguntei, e ela logo se recompôs, concordando com a cabeça – Posso voltar depois se você achar melhor...

–Não se incomode Rose, eu já estava de saída, só vim dar um alô para o pequeno dorminhoco e um beijo na minha namorada – Disse ele dando um selinho nos lábios de Sonya e saindo logo em seguida dando uma tapinha em meus ombros.

–Então, algo importante para me contar? – Perguntei sentando-me na cadeira que ficava próxima à cama onde Diego estava.

–Sim. Ou mais ou menos, eu ainda não sei a gravidade das consequências que isso pode acarretar Rose. – Falou ela meio aflita, sentando-se na cama com cuidado para não acordar Diego. – Hoje mais cedo, quando fui dar uma volta encontrei a Taissa e o Dimitri. – Disse ela, uma voz meio equilibrada, como se ponderasse em me contar ou não.

–Tudo bem Sonya, eu mesma vi eles dois saindo de uma caminhada na floresta hoje quando fui treinar o pessoal. Quer saber? Eu vou me manter no meu lugar até me resolver, até por que não faz sentido ele me trocar por outra dampira.

–Como assim? Trocar-te? – Perguntou ela uma das sobrancelhas arqueadas.

–Eu e Dimitri demos um tempo. Ele estava diferente comigo, me tratando com indiferença e eu como uma mulher que quer manter um relacionamento sem mentiras ou enganações, fui conversar com ele, para saber o motivo daquilo e procurar uma resolução. – Respirei fundo para poder continuar – Dimitri disse que queria ter um filho Sonya. Filho esse que eu não posso dar pra ele. Todos dizem que ele foi inconsequente em dizer isso logo para mim, ele mesmo acha isso, mas não acho que tenha ocorrido isso. Ele estava sofrendo com isso preso dentro dele, se estávamos juntos eu queria que ele abrisse o que estava sentindo comigo, consegui que ele fizesse isso, mas não imaginei que fosse uma coisa que eu não posso ser capaz de fazer, de dar a ele. A confusão me tomou por completo, na realidade eu dei um tempo com ele para tentar arrumar uma forma de organizar esse pedido dele, de ter um jeito que eu possa realiza-lo.

–Mas como você faria isso Rose? Você sabe que a genética dampiro/dampiro não funciona, é infértil. – Falou ela a voz baixa, como se fosse um consolo.

–Eu sei. Nunca na minha vida pensei que quisesse ser mãe. Mas eu o amo, e faria isso por ele, por mim também que pela primeira vez eu pensei em fazer isso, por nós dois. Mas a técnica é realmente impossível – Minha voz tinha começado a falhar, e coloquei minha cabeça entre as mãos. Pude perceber que Sonya tinha saído da cama e tinha se ajoelhado em minha frente, puxando minhas mãos para que ela pudesse segurá-las entre as suas.

–Você é uma mulher tão forte Rose. Já passou por tantas coisas, tantas coisas que muitas pessoas cairiam se tivessem passado por isso que você passou. Isso é só uma fase, e também sozinha você não vai poder resolver isso. Você tem que resolver com Dimitri. Os dois juntos, separados vocês nunca vão chegar num acordo. Já ouviu falar que “duas cabeças pensam melhor do que uma?” Imagine só a junção de sua mente com a de Belikov? – Perguntou ela sorrindo, arrancando-me um sorriso. – Pensa nisso. Você tá sofrendo longe dele. Ele tá sofrendo longe de você. Tudo que você pode ter desse tempo é um coração machucado e uma mente perturbada, confusa. Procura conversar com ele, chegar num consenso quem sabe? Vocês são tão jovens, podem adiar isso por mais um tempo, concorda? – Disse ela apertando a ponta de meu nariz. – Agora levanta essa bunda daí e vá relaxar um pouco, procurar esvaziar essa cabeça cheia de abobrinhas e depois, trate de ir conversar com Belikov. Vai fazer bem, para vocês dois.

Levantei-me e a abracei com força.

–Obrigada Sonya. – Acariciei a cabeça cheia de cachinhos de Diego que adormecia calmamente e saí rumo ao meu quarto. Ao chegar tomei um banho demorado e me vesti, queria ir resolver logo esse assunto pendente com Dimitri. Rumei apressadamente pelos corredores abarrotados de gente, e entrei no prédio de hospedagem dos professores, o antigo quarto de Dimitri estava lá. O corredor estava vazio e silencioso. Parei em frente à porta do quarto dele e respirei fundo. Bati uma vez na porta, mas ninguém respondeu. Bati uma segunda vez e nada. Ele devia ter saído para se encontrar com Taissa... Ótimo, voltaria depois.

Mas um murmúrio me vez parar. Vinha do quarto dele. Girei a maçaneta o mais silenciosamente possível. Meus olhos imediatamente se encheram de lágrimas, minhas pernas tremeram ligeiramente.

Ainda estava paralisada pela cena em minha frente. Minha visão tinha ficado turva por conta das lágrimas. O corpo de Dimitri estava deitado no colchão, sua camisa jogada no chão. Suas mãos fortes seguravam possessivamente a cintura de Taissa, que trajava apenas as peças íntimas. Eles ainda não tinham me notado, estavam atentos demais ao “amorzinho” deles. Os lábios dela desceram pelo pescoço dele manchando-o com batom, beijou-lhe o peito e voltava a escalar seu corpo. Ele parecia estar absorto demais, quieto demais, talvez com pesar. Porém suas mãos se tornaram hábeis. Correram pelas costas dela e desabotoaram seu sutiã.

Apenas alguns minutos tinham se passado. Em pensar que minutos atrás eu estava pensando em falar para ele o quanto eu o amava, em tentar resolver as coisas de uma forma correta. Eu pretendia passar a noite em seus braços. Mas agora? O que eu sentia era nojo de Dimitri Belikov.



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