quinta-feira, 5 de abril de 2012

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FANFIC PERFECT PROMISE II - CAP 6

Limpei rapidamente o rastro das lágrimas de minha face com as costas das mãos. Encostei-me à soleira da porta e bati minhas mãos uma na outra, aplaudindo teatralmente o show em minha frente. A atenção dos dois logo foi virada totalmente para mim. Os olhos de Dimitri encontraram os meus, e ficou primeiramente surpreso, depois o choque atravessou seus olhos castanhos e por último um sentimento que só pude discernir como pena, de mim é claro.

–Um belo show, aah! Desculpem-me não queria atrapalhar a cena romântica de vocês. Mas pensei que estaria sozinho Dimitri, queria conversar com você sobre o que passamos – De repente ele se sentou na cama. Taissa tinha se coberto com o lençol e me encarava igualmente como Dimitri fazia – Sabe, eu pensei que ainda me amava. Agora eu sei, tenho certeza que aquele tempo que a gente deu, foi para você ver que eu não passava de uma paixonite. – Falei séria. As lágrimas ardendo em meus olhos, mas eu não as deixaria cair. Virei-me e os deixei para trás, pude ouvir que Dimitri tinha se levantado, mas pelo visto Taissa o interrompeu. Saí correndo daquele corredor, os pés trôpegos e a cabeça rodavam rapidamente, como se quisessem me fazer desistir de tudo, meus olhos estavam turvos cedendo à escuridão que queria captura-los, mas eu não podia ser fraca agora. Tinha que ser forte, e mostrar para ele que eu não precisava de sua piedade para comigo. Ainda correndo passei as mãos nos olhos enquanto virava bruscamente às cegas para outro corredor. Bati fortemente no peito de alguém. Já estava sentindo meu corpo cair, mas suas mãos seguram meu braço me fazendo ficar de pé novamente.

–Cuidado Hathaway! Está tentando enfraquecer seus alunos? - Disse Mike sorrindo. Mas seu sorriso logo desapareceu de sua face quando ele percebeu o estado em que eu me encontrava – Está tudo bem? – Sua mão ainda apertava meu braço, como se quisesse certificar que eu ficaria de pé. Sacudi delicadamente meu braço, desfazendo seu aperto.

–Está tudo bem, obrigada por não me fazer cair – Sorri em meio às lágrimas que ainda escapavam, suspirei e encarei Mike que ainda me olhava.

–Quando as coisas estão bem, você não chora, você sorri, esse é o circuito normal das coisas – Disse ele, sua sobrancelha arqueou-se em minha direção. Limpei os vestígios das lágrimas para apagar as provas, e sorri para ele.

–Não era para você estar na cama? Essa hora as aulas já acabaram e já vai amanhecer – Falei apontando para o céu que estava numa estranha coloração laranja.

–Já estava indo para o dormitório. Já que está tudo bem com você, eu vou indo. Boa Noite – Disse ele dando uma última olhada em mim e saiu em passos rápidos para o dormitório dos alunos.

Continuei a andar até está na beira da floresta que rodeava a academia. Não queria voltar para o quarto. Mas não poderia ir para a cabana. O que eu queria mesmo era colocar um pouco de gasolina na minha memória e riscar um fósforo, assim elas iriam queimar rapidamente e se desfazer ao pó. Iria ser menos doloroso do que está sendo agora. Eu não via sentido em ele fazer aquilo.

Não queria pensar nele. Nem nela. Nem nos nomes eu queria pensar, agora seriam ele e ela. Sacudi a cabeça numa tentativa falha de expulsar os pensamentos de minha mente. Andei pelo campus e finalmente voltei ao quarto, onde deitei ainda vestida e tentei cair em profunda inconsciência.

As batidas pareciam mais que frenéticas na minha porta. Mas eu queria discernir se aquelas batidas eram do meu sonho ou da minha realidade. A noite não tinha sido fácil. Virei e revirei na cama, tentando em vão achar uma posição boa e confortável para um sono bom, mas não era o corpo que estava desconfortável, para mim qualquer posição estava boa. A perturbação vinha da minha mente. Os sonhos constantes com Dimitri e Taissa invadiram minha mente de tal forma, que só foram embora quando eu tomei uns remédios para dormir. A batidas em minha porta se tornaram insistentes e agora meu nome acompanhava o punho que batia fortemente contra a madeira.

–Rose! Por favor, preciso conversar com você! É sério Rose! – Falou aquela voz que eu tentaria evitar para sempre a partir de agora. Dimitri estava do outro lado da porta – Deixe de ser uma criança e venha abrir a porta pra mim! – Gritou ele. Criança? É uma porra. Levantei-me furiosa e abri a porta.

–O que você quer? Já não basta o de ontem? Agora você poderia ter um pouco de benevolência por mim e me esquecer. Faça esse favor hum? – Disse encarando-o.

–Do que você está falando? – Perguntou ele, uma feição que eu ainda estava discernindo. Confusa ou sarcástica?

–Só pode estar de brincadeira. Por favor, fale logo o que você veio fazer aqui, se for assunto dos alunos seja breve, se não pode se retirar – Disse séria. Dimitri era cem vezes mais forte do que eu, claro. Eu poderia ser treinada e ter força o suficiente para uma batalha, mas eu não ia querer ficar com qualquer parte do corpo roxa. Seu corpo imponente atravessou a porta, me empurrando para o lado, fiquei estática com sua ousadia – Agora você ultrapassou limite o camarada. Saia do meu quarto agora. Ou chamo... – Eu ia falar guardiões, mas parecia idiota, vendo o cargo que ocupamos.

–Só vou sair quando você explicar essa história de “Já não basta o de ontem?” e isso de ter benevolência por você? Ainda aquela história da criança? Rose, já falei para você esquecer, quero ficar com você independente disso ou não. – Falou ele sentando-se na cama.

–Que tipo de droga você está usando? Depois do que meus olhos viram ontem à noite, eu nunca vou voltar com você. Nosso único relacionamento agora é profissional, apenas esse.

–Continuo sem saber o que de tão trágico aconteceu ou eu fiz ontem à noite para você desistir de nós! A gente tinha apenas dado um tempo Rose! – Levantou-se ele ficando na minha frente, segurando minhas mãos, mas tire-as de seu toque.

–Vai dizer que a noite ontem com a Taissa, não foi boa o suficiente para marcar sua vida? Como você finge estar esquecendo toda a história de ontem, vou refrescar sua memória. Você estava ontem no seu quarto com a Taissa, em cima de você, praticamente nua, e sabe-se lá o que fizeram depois que eu saí de lá – As imagens pareciam cortar minha mente, por ter que se lembrar daquelas cenas.

–Nunca que eu iria fazer isso. Nunca que eu iria fazer isso com você Rose. Ontem eu e a Taissa saímos sim, mas foi só pra jogar conversa fora, e foi no centro de treinamento. Ela não pisou no meu quarto e nem tirou a roupa! Rose, você acha mesmo que eu iria ficar dessa forma com outra mulher depois de ter ficado com você? - Os olhos dele realmente eram o espelho da alma, mas aquilo não estava adiantando. Ele estava visivelmente angustiado, confuso pelo que eu havia dito.

–Não acho Dimitri, eu vi. – Meu coração parecia estar sendo comprimido dentro do peito. Eu queria que aquilo não tivesse passado de uma ilusão, que fosse arte das trevas, mas meus olhos não iriam se enganar. – Agora, por favor, pode sair do meu quarto? E faz um favor pra mim. Não fala comigo a não ser que seja algo relacionado ao trabalho. – Sua boca abriu, ele iria dizer alguma coisa, mas no último segundo mudou de ideia. Seu corpo foi em direção à porta, seu olhar encontrou com o meu, um pesar terrível em seus castanhos olhos. A porta fechou-se atrás dele.

Eu não poderia ficar naquela situação. Não podia e nem iria ficar. Tomei um banho rápido e me troquei igualmente. Prendi os cabelos num rabo de cavalo alto, deixando minhas marcas à mostra. Olhei para elas pelo espelho e pude ver que em menos de dois anos eu tinha matado bastante strigois. Sem contar aqueles que aniquilei quando era uma descompromissada. A marca da promessa estava rodilhada de pequenas marcas molnija, e o pequeno “sol” que demonstrava que eu tinha participado de uma batalha e tinha matado várias criaturas da noite. Coloquei meu cinto habitual com uma estaca e saí rumo ao centro de treinamento. Iria falar com Alberta. Quando em encaminhei para o centro encontrei com Rue e Lennie que estavam indo para a aula, acenei para as duas que sorriram para mim. Hoje era dia de folga para os treinamentos, por conta do atraso teórico no qual os alunos da corte estavam. Quando cheguei à turma de Alberta estava treinando e sua assistente vadia estava ao seu lado. Se eu não fosse tão responsável com meu trabalho eu arrancaria a cabeça daquele ser agora mesmo. Andei mantendo a calma, até onde Alberta estava ao lado de Taissa. Passei pela mesma sem olhar na cara dela, e fui direto à Alberta.

–Posso falar com você um minuto? – Perguntei e ela confirmou com a cabeça. Fomos até a pequena sala dentro do centro e sentamos nas cadeiras que ali estavam.

–Aconteceu alguma coisa Rose? – Perguntou Alberta seu olhar típico, perguntava se eu tinha aprontado alguma.

–Aconteceu. Aconteceu que eu quero voltar para a corte. Eu sei que você pode conseguir outra professora para os alunos de lá, por favor. – Supliquei os olhos deviam estar brilhando.

–Preciso de um motivo Rose, um motivo muito sério para te mandar de volta para a corte. – Disse ela séria. Ao longo de todos esses meses ela não tinha amolecido nem um pouco. Mas eu não poderia sair espalhando por aí que era uma corna. Ainda mais uma que foi possivelmente trocada pela Taissa, pelo amor.

–Não me sinto bem aqui. Aconteceram tantas coisas que me abalaram tanto, preciso voltar para a corte Alberta, sei que você consegue tudo o que quer. – Menti, era o único jeito.

–Rose, que eu me lembre da única coisa que aconteceu aqui e que perturbou bastante você, foi quando Belikov fora levado pelos Strigois. Ele está de volta, não há mais o que te perturbe, você não me engana. Sem contar que você não pode abandonar seu cargo por motivos de briguinha com Belikov. – Disse ela, a voz firme que dava medo. Não tinha jeito, eu precisava contar para me livrar daquela academia e voltar para a corte.

–Não foi briguinha, você quer mesmo saber o que houve? Houve que sua assistente aí estava na cama com Belikov, ok? E eu flagrei os dois, simples assim. Eu não aguento mais olhar na cara dele, imagine trabalhar com ele na mesma equipe? É muito para mim Alberta. – Falei rapidamente, e ela ficou calada. Tinha conseguido! Ou não.

–Vou ver o que faço por você Rose. Não prometo nada. – Disse ela, seu olhar de benevolência por mim. O que eu precisava agora era de pena.

–Obrigada Alberta, conto com você – Falei saindo da sala e me deparando com Dimitri.

–Preciso falar com você. Assunto da academia. – Disse ele sério olhando para Alberta que estava parada atrás de mim.

–AH! Ok, vou deixar vocês sozinhos, com licença – Falou ela saindo da sala.

–O que houve? – Perguntei sem rodeios, não queria passar mais de segundos no mesmo local que ele.

–Que história é essa de se negar a treinar os alunos?

–Se você estivesse aqui e não andando por aí saberia o porquê – Sorri ironicamente. – Lissa quer que treinemos o pessoal com dezesseis anos, nunca que farei isso.

–Rose, é apenas um ano de diferença.

–O que houve com você Belikov? Lembra-se que já teve essa discussão antes? Não vou treinar crianças! Sua opinião muda com tanta facilidade! Um ano atrás você não queria essa opção na corte, lembra? Meus princípios são os mesmo. Não treino e ponto.

–Rose pense bem. Eles só serão treinados, não significa que tenham que ir a combate se houver alguma necessidade. Não os colocarei também em risco. É só treinamento, até deixará eles preparados e bem na frente dos da academia quando forem se formar. – Nesse ponto era verdade...

–Pensarei no assunto. Isso não é um sim. Irei pensar e amanhã respondo. – Falei saindo da sala e deixando-o lá. Fui em direção ao meu quarto e quando cheguei lá Sonya estava com Diego nos braços. Sorri com a surpresa. – Olá pessoal! – Peguei Diego no colo e apertei a ponta de seu nariz.

–Como você está? Péssima pelo o que posso ver. Sua aura tá meio apagada. – Disse ela. Abri a porta do quarto e deixei-a passar a na frente. Sentamos na cama e deixei Diego brincar no chão do quarto com meus colares.

–Não quero mais ficar aqui na academia Sonya. Preciso voltar para a corte.

–Você falou com Dimitri ontem? Não se resolveram? – Perguntou ela uma voz triste.

–Ontem quando fui falar com ele, Taisse estava no quarto dele. Praticamente nua e em cima dele. É demais para mim Snaya.

–Não pode ser! Dimitri te ama Rose!

–Era o que eu pensava também, mas pelo visto não passava de uma mentira. Falei com Alberta para ver o que ela pode fazer por mim, mas vou falar com minha mãe, ela exerce grande influência – Dei um sorriso fraco. Sonya me encarou, a expressão séria e pensativa.

–Vocês se falaram hoje pela manhã? Você escutou a versão dele?

–Versão? Não tem versão em sexo com outra pessoa. É o ato em si. Mas ele veio aqui no meu quarto hoje sim, e se fez de idiota. Disse que não sabia do que eu estava falando e que Taissa nunca foi ao quarto dele e muito menos tirou a roupa. Não acreditei em nada disso, claro.

–Isso está muito estranho Rose. Você acha mesmo que Dimitri iria atrás de você se tivesse noção do que fez? Eu não estava por aqui na época, mas Lissa me disse que quando ele voltou a ser dampiro, nem na sua cara ele queria olhar Rose, pelas coisas eu tinha feito com você quando era Strigoi, pense bem, acha mesmo que ele iria correr atrás de você pelo o que você viu? Ele iria te ignorar, e ao menos que você fosse atrás dele... Quem sabe... Isso está estranho. – Falou ela, aquele mesmo olhar de pensamento nos olhos.

–O que? Você está pensando que ele foi drogado ou algo do tipo?

–Compulsão talvez...

–Mas Taissa é dampira. E poder de compulsão só Morois tem, ou Strigois. Ela não é nem um dos dois. – Falei o que era óbvio.

–Talvez não ela, mas alguém que ela conheça... Não sei...

–Você está mesmo desconfiando da Taissa hein? Tudo bem que não deveria estar defendendo ela, mas ela além do corpo não me aprece ser perigosa.

–Não sei não... Você percebeu que ela usa um amuleto feito todo de madeira? E a corrente dele é feita de corda. – Perguntou ela, e quando viu que eu tinha confirmado com a cabeça, continuou – Antes mesmo de você e Dimitri chegarem da corte com os alunos, ela tinha chegado há algumas semanas, parecia quietinha demais, às vezes bastante desconfiada... Logo percebi que ela não largava aquele amuleto, se não estivesse em seu pescoço, estava amarrado no pulso. Uma vez fui perguntar a ela, porque o carinho pelo objeto, e ela quase que saía correndo. Não me deixou tocar no colar e inventou uma desculpa para sair das minhas vistas. Desconfio que esteja enfeitiçado por algum usuário de espírito. - Disse ela relutante.

–Tem certeza? Pode ser ciúme de objetos... – Ok, eu estava defendendo demais aquela mulher.

–Dá pra parar de defender ela? Ela estava nua com seu namorado! Veja só, ainda desconfio dessa mulher, ela pra mim é muito estranha e não me engana. Na realidade nem perto de mim ela gosta de ficar, me evita de qualquer forma. Não suspeita de nada Rose?

–Você é uma usuária de espírito – Agora a coisa estava ficando séria. – Você não vê nada na aura dela?

–O problema é esse. Ela praticamente não tem aura. É uma camada finíssima que a envolve. Auras tem espessura muito mais grossa.

–Você não pode denunciar ela pra corte? Ou pra academia? – Perguntei, achando essa história sombria demais.

–Com que provas Rose? Que ela pegou o Dimitri? Desconfio dela, mas não acho que ela possa fazer mal, é apenas convicção – Disse Sonya, pegando Diego do chão e indo para a porta. – Vejo você depois, ok? – Confirmei com a cabeça e acenei para Diego que descansou a cabeça no ombro de Sonya.

Muito estranho isso. Enquanto eu andava de um lado para o outro no pequeno cômodo que era meu quarto, meu celular vibrou em meu bolso.

–Oi mãe – Falei atendendo ao telefone.

–Rose, que história é essa de voltar para a corte? Pensei que tivéssemos conversado sobre você e Dimitri antes. E também o que é isso de não querer treinar os alunos? – Disse ela, pude sentir a tensão em sua voz, através do telefone.

–Alunos esses de dezesseis anos, despreparados, e ao quanto eu querer voltar para a corte, tenho meus motivos, ok? – Disse sentando-me na cama – Peguei Dimitri com outra mãe, não suporto olhar naquela cara... – Linda e naquele corpo gostoso, pensei, mas tinha que aniquilar aqueles adjetivos da minha mente. Naquela cara nojenta e naquele corpo flácido dele.

–Isso é história, ele não faria isso...

–Duvida dos meus olhos? Pode tirá-los então.

–Está fora de cogitação você vir aqui para a corte Rose. Você precisa terminar o treinamento desses dampiros o quanto antes. Até a academia está acelerando os treinos.

–Por quê?

–A cosia está séria Rose. Mais Strigois atacaram a corte ontem na madrugada, bem cedo antes do sol nascer... – Pude sentir a tensão em sua voz, e a relutância em me contar alguma coisa.

–Mãe, me conte o que houve. Sem rodeios.

–O ataque foi totalmente de surpresa e...

–PARE DE ME ENROLAR! FALE DE UMA VEZ! – Gritei ao telefone.

–Preciso que você fique aí Rose, não saia da academia.

–MÃE, POR FAVOR! – As lágrimas já saiam pelos meus olhos, eu já tinha várias desgraças em minha mente.

–Levaram algumas pessoas aqui da corte, e a vida delas é um mistério para nós. – Ela esperou, pude ouvir sua respiração pesada do outro lado da linha – Levaram Lissa e Christian.





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